Profissão: atleta
- Admin
- 4 de nov. de 2018
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Atualizado: 20 de nov. de 2018
Revelação do jiu jitsu, Guilherme Rocha leva o nome de Pernambuco mundo afora nas mais diversas competições

Treino duas vezes por dia, cinco dias na semana, dieta ininterrupta. Esse é um bom jeito de resumir a vida de Guilherme Rocha. O jovem de apenas 20 anos tem um estilo de vida regrado e uma rotina completamente dedicada à prática do jiu jitsu brasileiro.
Filho de José Olímpio da Rocha Neto, o Zé Radiola, um dos principais nomes da "arte suave" (como também é chamada a modalidade) no Brasil, o início da vida na luta foi bastante natural para Guilherme. “Aprendi a andar no tatame. A academia do meu pai fica no quintal da minha casa e, por isso, comecei a treinar judô e jiu jitsu aos quatro anos”, conta.
Apesar de gostar bastante dos treinos de judô, não demorou para que o coração do menino escolhesse a arte marcial do pai como a única paixão. “No começo me dedicava mais ao judô, só que quando completei oito anos lutei meu primeiro campeonato brasileiro, fui campeão e depois disso não quis mais treinar e fiquei no jiu jitsu”, diz.
Um dos fatores mais importantes no esporte é a questão psicológica dos atletas, e ser o único filho de um dos principais treinadores do Brasil traz pressão para o jovem. “Pelo fato do meu pai já ter formado muitos campeões mundiais, sinto uma cobrança. Não dele nem da minha família, mas de outros atletas e patrocinadores, por exemplo”, conta.

Essa pressão, que acompanha muitos representantes de famílias tradicionais da luta, como Luana Nagai, por exemplo, pode ser devastadora para muitos atletas mas Guilherme, desde muito cedo, soube lidar com isso da melhor maneira possível. “Nunca senti que por ser filho do Zé Radiola eu tivesse que ganhar. Sempre me senti feliz por ter ele me apoiando. Faço a minha parte treinando duro e o resto vem naturalmente”, garante.
Segundo Guilherme, viver como atleta em Pernambuco é cada vez mais fácil, graças ao apoio do Governo do Estado. “A gente recebe o Bolsa Atleta, que ajuda bastante nas competições. Já o programa Amigos do Esporte, da Secretaria Estadual de Esportes, incentiva porque o Governo abre mão de 5% dos impostos das empresas para que elas possam nos patrocinar”, explica.

Esse apoio financeiro por parte do Governo e de todas as empresas patrocinadoras é de suma importância, pois Guilherme conta com o suporte de um personal trainer e de uma nutricionista, além dos treinos na academia. O principal objetivo é que nas competições o atleta esteja nas melhores condições tanto físicas quanto técnicas para que o desempenho e resultado sejam os melhores possíveis.
O trabalho nutricional é um dos pilares da preparação, principalmente para atletas leves como Guilherme que, muitas vezes, precisam sofrer para atingir o peso de suas categorias. “Tinha que pesar 68kg e, para fazer isso, precisava ficar horas na sauna, sem comer direito. Mudei de categoria e agora peso 76kg. Então o trabalho da nutricionista ajuda bastante, agora não tenho que me preocupar mais com o peso”, garante Guilherme.
Todo esse trabalho traz resultados positivos. Entre outros títulos, Guilherme é tricampeão mundial de jiu jitsu e já chegou a ser considerado o melhor lutador juvenil do mundo. Contudo, a caminhada não é fácil. A transição para faixa roxa e o ingresso na categoria adulto trouxeram novos desafios para o garoto, que contou com o apoio do pai neste momento. “Senti a diferença de força e até mesmo de técnica e, por isso, perdi alguns campeonatos. Foi nesse momento que meu pai disse que o que estava acontecendo era uma adaptação natural e que, com o tempo, tudo ia voltar ao normal”, explica.
Na arte suave, Guilherme tem como maior ídolo o multicampeão Leandro Lo. “Gosto muito do estilo dele e até tento imitar um pouco. Ele já me ajudou várias vezes em competições. É esse tipo de referência que acho legal, de alguém que já tá no topo e continua ajudando os outros”, conta o lutador.

Porém, a maior referência da vida de Guilherme é, sem dúvidas, o pai. “Desde pequeno acompanho o trabalho dele e, hoje, é o meu exemplo de pai, homem, professor, de tudo. Ele sempre me motivou e me levantou quando estava caindo. Sou muito agradecido por ter um pai assim e tenho muito orgulho dele”, diz.
Atualmente o campeão é faixa marrom, e bastante consciente de seu potencial. “Hoje sei que sou um dos dez melhores do mundo na minha categoria, e o meu sonho é fazer história. Ser campeão mundial várias vezes na faixa preta no meu peso e no absoluto. Pretendo morar nos Estados Unidos, dar continuidade ao trabalho do meu pai e fazer com que a nossa associação cresça cada vez mais”, diz Guilherme.
A academia ZR team, local de treinamento de Guilherme, fica no final da Avenida Aniceto Varejão, no bairro de Piedade, Jaboatão dos Guararapes. Os treinos acontecem de segunda à sexta e a academia está de portas abertas para todos, desde pessoas que treinam como hobby até aspirantes a campeões.
por Luís Antonio
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