top of page

Uma vida dedicada às artes marciais

  • Foto do escritor: Admin
    Admin
  • 23 de out. de 2018
  • 3 min de leitura

Antes lutador, agora professor, Paulo Kobayashi tem a luta como fator de mudança na sua vida.


Paulo Kobayashi, baiano, ex-lutador profissional. Oriundo de uma família humilde, desde sempre aprendeu que o melhor caminho para ascender socialmente era através do estudo. Embora tenha seguido este caminho, quando jovem encontrou nas artes marciais uma paixão, que logo se tornou estilo de vida.


Na escola começou a treinar judô, arte na qual se graduou faixa roxa e conquistou títulos importantes, porém sua família percebeu que seu excesso de energia e personalidade competitiva fazia com que o garoto quisesse praticar cada vez mais esportes. “Minha família me incentivou a capoeira, pois eu era hiperativo, já treinava judô, vôlei, e ainda assim tinha muita energia. Além disso, eu sempre culpava meus companheiros pelas minhas derrotas, por isso, eles optaram por me colocar em esportes individuais”.


“Entrei no boxe em 1988, e capoeira em 1986. No boxe eu entrei porque era cultura da Bahia. Todo baiano faz capoeira e boxe, pra pular carnaval, pois era muito violento. Lá é como o futebol, todo mundo fazia”.


Paulo passou a treinar boxe na academia Champions, uma das mais tradicionais do Brasil, com o treinador Luiz Dórea. Lá, o início foi difícil. “No final dos anos 80, um branco treinar um esporte de contato na Bahia, onde a população é predominantemente negra, era difícil. Havia muita resistência. Tinha que provar para eles que você era guerreiro, e foi isso que me fez ser tão disciplinado e focado”.

Sempre focado nos ringues e nas salas de aula, a união do esporte com o estudo trouxe para o jovem lutador novas oportunidades. “Com 21 anos fiz o TOEFL (teste de proficiência em inglês) ao terminar o curso de inglês ACBEU. Na época, os melhores alunos tinham oportunidade de fazer três provas para ingressar em faculdades americanas. Fiz essas provas e fui o terceiro colocado do Brasil”. Paulo escolheu estudar na Universidade da Califórnia e passou a lutar boxe representando a instituição. “Representei a Universidade da Califórnia, a UCLA, mas também representei a Universidade de Austin, no Texas. Assim, terminei meus estudos lutando.”


Depois de voltar ao Brasil, trabalhou administrando hotéis, mas isso não trouxe felicidade. No ano 2000, Paulo foi morar na Europa em busca de melhores condições de vida. Inicialmente a ideia não era lutar, mas o destino mudou isso.


“Fui pra Europa pra tentar a vida, mas coincidentemente conheci o Muay Thai. Nessa época era o auge do vale tudo e por isso havia muitas lutas clandestinas, que pagavam muito bem. Como naquela época a prática era muito tradicional, eu levei vantagem por ser um bom boxeador. Então fiz meu nome e passei a dar aulas na Espanha e nas Ilhas Canárias”.


Paulo teve que lidar com a desaprovação da sua escolha por parte de seus familiares, pois havia crescido com outros valores, sendo sempre lembrado de que o estudo era o caminho. “Minha família veio do interior da Bahia, da roça. A minha tia ajudou minha mãe, que se tornou uma advogada respeitada. Depois de certo tempo todos os meus parentes eram do ramo da advocacia e da polícia, então não fazia sentido para eles imaginar que a luta levaria alguém a crescer na vida”. O preconceito dos familiares é presente até hoje, mas o professor não deixa que isso abale sua relação. “Minha família é meu alicerce. Nós acreditamos que mesmo errando estamos certos. Sempre estaremos por nós”.


Apesar de ter luta como profissão, Paulo nunca largou seus estudos. Ele carrega duas graduações e um mestrado, além de ter tido êxito em várias outras áreas intelectuais. “Fui lutador por opção, mas mantive minha mente aberta e sempre disposta ao conhecimento. Cheguei aos EUA por mérito escolar e me formei como aluno laureado. Fui militar, um dos atiradores mais eficazes e resolvi ser professor de artes marciais”.


Depois de alguns anos voltou a Salvador e começou a dar aulas na cidade de Maringá. Atualmente é professor de boxe e Muay Thai em academias de Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco. Kobayashi se permite refletir sobre a escolha de sua profissão. “Não sei se foi a melhor escolha, principalmente por causa do meu grau intelectual e pela rentabilidade, mas hoje é a luta que me faz feliz”.


Fora dos ringues

“Em todos os momentos da minha vida em que eu quero baixar a guarda, ficar de joelhos, eu ouço a voz do Paulo mandando eu me levantar” - Alexandre Gonçalves.


Mais que um professor, China, como é conhecido, se tornou um amigo para muitos de seus alunos, como Alexandre Gonçalves, Bárbara Mota e Giovanna Brunherotto. “Antes de serem meus alunos e eu ser o mestre, eles são meus amigos. Meus alunos de todos os lugares são meus amigos até hoje”. Ressalta o professor.




 

por Luís Antonio

Comments


  Blog                                                                                              

  Destaques

bottom of page