A euforia de um sonho frustrado
- Admin
- 21 de out. de 2018
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Contar a história do Brasil na copa de 2018 não é fácil. Chegávamos como favoritos. A Seleção comandada por Tite tinha números que faziam inveja a qualquer time de futebol do planeta. Ao todo, foram 21 jogos, com incríveis 17 vitórias, 3 empates, e apenas 1 derrota. A fase da Canarinho era tão boa, que os torcedores nem ligavam mais para o 7 a 1, eles só queriam que o dia 17 de julho, o dia da estreia no mundial, chegasse logo. E ele chegou, o tão esperado dia chegou! A bola estava rolando, a expectativa era gigantesca, e já no primeiro tempo da partida, mais precisamente aos 20 minutos, Coutinho fez o que mais sabe fazer: puxar para dentro e bater de chapa na bola. GOLAÇO do Brasil! Foi o gol que desafogou 200 milhões de corações aflitos. O brasil era muito superior. Foi para o intervalo com aquele 1 a 0, com cara de goleada. Mas na segunda metade do jogo, meus amigos... O que foi aquilo? Apagão? falta? VAR? Cadê o VAR? Não sei, só sei que era gol da Suíça. Um gol que colocava um grande sinal de alerta dentro do peito de cada indivíduo vestido de verde, amarelo e azul. Com falta ou não, com árbitro de vídeo ou não, o placar era 1 para o Brasil, 1 para a Suíça, e foi assim até o apito final. Naquela hora, pude sentir o complexo de vira-lata voltando, os haters aparecendo, os memes também, além de um sentimento de dúvida enorme dentro de cada torcedor. Mas era apenas o primeiro jogo da Copa do Mundo, e o próximo estava logo ali: a cruel partida contra a Costa Rica. Cruel? sim! Mas também foi a mais gostosa.
Era uma manhã de sexta feira, feriado (forçado) em todo o Brasil. Todos reunidos para assistir o “jogo da verdade”. E foram 90 minutos da mais pura tormenta. Não lembro de ter ficado tão estressado e tão nervoso, em um jogo de futebol. Também não lembro de ter xingado tanto um árbitro, como xinguei o holandês Bjorn Kuipers - quando um árbitro deixa de dar um pênalti, já é horrível, mas quando ele dá, e depois volta atrás, é centenas de vezes pior -. Naquele momento, fiquei com pena do meu sofá. O coitado recebeu tantos murros e pontapés, que nem pude contar. Mas como dito anteriormente, foram 90 minutos de tortura, o tempo regulamentar inteiro. Mas nos acréscimos, aos 91 minutos de jogo, Phillipe Coutinho (ele de novo) tirou aquele grito de gol que estava mais do que engasgado. Foi muita euforia! Como diz Galvão Bueno: “é jogo de copa do mundo, amigo.” E no apagar das luzes, para coroar aquela vitória mais do que merecida, gol do menino Ney. Isso mesmo, os nossos melhores jogadores marcando os gols da vitória, em um sofrido jogo de Copa. Tem como não se empolgar? Naquele momento, toda dúvida tinha ido embora. O sonho do hexa estava mais vivo do que nunca. E agora com raiva, com a faca nos dentes, e com sangue nos olhos (ou lágrimas, se você for o Neymar).
A Copa seguiu. Próximo adversário: Equipe Sérvia. Um jogo para firmar que a Seleção brasileira era sim, uma das favoritas ao título. E foi isso que aconteceu. Vimos um Neymar menos cai-cai e mais participativo. Um jogo brasileiro mais coletivo, unificado, brilhante. Estávamos full empolgados. 2 a 0 e segue o baile. Gols do falso volante, Paulinho, e do MONSTRO, que não chorou nessa copa, Thiago Silva.
Passamos de fase! Próximo jogo: México. Uma equipe embalada por ter ajudado a desclassificar a então campeã, Alemanha. As coletivas foram enérgicas, muita polêmica antes da bola rolar. O treinador Juan Carlos Osorio, parecia que queria desestabilizar o Neymar, antes mesmo do início do jogo. Só acho que ele esqueceu que quando provocam o Neymar Jr ele responde comendo a bola. Resultado: 2 a 0 para o Brasil, Neymar autor de um dos gols, e eleito o melhor em campo. É, Osorio… melhor pensar em outra tática na próxima.
O México ficou para trás. A equipe brasileira estava nas quartas de final. Só mais dois jogos para a grandessíssima final, na qual, logicamente, o Brasil se sagraria campeão. O time de Adenor ia encarar uma Bélgica desacreditada, após o quase vexame diante do pequenino Japão. A moral da Canarinho estava nas alturas. Toda mesa redonda apontava os brasileiros como favoritos. E, talvez, só talvez, tenha sido aí que perdemos o jogo. Com o Brasil favorito, e uma Bélgica receosa, sabe o que aconteceu? Os belgas, que não são nem bestas nem nada, resolveram pôr os pezinhos no chão, e estacionar um ônibus na frente da grande área. A tática do técnico espanhol, Roberto Martinez, era clara: esperar o Brasil, e sair no contra-ataque. Acontece que além de uma tática muito bem montada, os belgas contaram, e muito, com a sorte. Fernandinho, aos 13 minutos de jogo, marcava um gol contra. Naquele momento, todo brasileiro se perguntava porque os deuses do futebol estavam fazendo aquilo. Um gol contra? Naquela altura do campeonato? Calma, torcedor, o pior ainda estava por vir. Foi em um ataque brasileiro, que terminou no já esperado contra-ataque belga. Lukaku arrancou parecendo um trator, enquanto Fernandinho, parecia uma criança tentando pará-lo. O número 9 correu quase o campo todo, e tocou para Kevin De Bruyne calar a torcida mais animada, mais calorosa e mais apaixonada do estádio. Era o 2 a 0, e pela primeira vez, de verdade mesmo, eu sentia que o sonho do hexa havia sido adiado.
O jogo seguiu, e a cada minuto, o peito dos mais de 200 milhões de apaixonados, ficava mais apertado. Mas o Brasil cresceu no jogo, e voltou a nos dar esperanças. O segundo tempo só deus "nóis". Fomos até ROUBADOS na cara dura pelo árbitro da partida. Pênalti claro em Gabriel Jesus, e o cidadão (que eu não vou nem citar o nome) sequer foi ao computador para rever o lance. Uma vergonha! Mas depois do garfo, enfim conseguimos um gol. Bola perfeita de Coutinho, na cabeça de Renato Augusto. Era o 2 a 1, e o hexa querendo voltar a ser realidade. Depois desse gol, o coração só não saltou pela boca, por que as mãos, com as unhas sendo roídas, tapavam a saída. Tivemos mais dois lances claros de gol, INCRIVELMENTE PERDIDOS. Um por Coutinho, considerado por muitos o nosso melhor jogador na Copa, e o outro por Renata Augusto, que por um capricho de centímetros, não entrou.
Foi isso. O jogo chegou ao fim, e o silêncio que se espalhou falava mais que um milhão de palavras. Parecia uma tragédia. Parecia não, foi uma tragédia. A morte de um sonho, um sonho de 200 milhões de pessoas. A dor, posso lhe confessar, foi maior que a do 7 a 1. A nossa vontade, a nossa garra, e a nossa crença na vitória, fez com que esse 2 a 1 parecesse um 14 a 0. Nas mesas redondas do país, não havia nem gás para reclamar do pênalti não marcado em Jesus. Todos estavam desolados. Aceitamos a derrota, ficamos tristes, perdemos, e soubemos perder. Mas vou lhe confessar outra coisa, meu amigo leitor, após o luto, o sonho que havia morrido, ressuscitou. Não foi na Rússia, mas no Qatar o hexa não escapa!
E para finalizar, por favor, respeite minhas 5 estrelas! Obrigado.
por Vinicius Rocha
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