Aikido: arte marcial moderna que busca harmonia entre corpo e mente

Arte marcial usa a força do seu oponente contra ele mesmo e promove uma cultura de não-competição

Ao acompanhar uma apresentação de Aikido pela primeira vez, tem-se a impressão de que os golpes parecem um ensaio coreografado, quase uma dança, com a sinuosidade dos corpos e dos movimentos suaves dos participantes. No desfecho em que o oponente é levado ao chão, o impacto no tatame revela que se trata, na verdade, de uma luta, com atos sutis, que transformam agressão em suavidade e, em seguida, mobilização. Geralmente as mãos dos lutadores estão livres, mas também fazem uso de utensílios bélicos como espada (bokken), bastão (jô) e faca (tanken), materiais de madeira e utilizados nas aulas de defesa pessoal.

Os movimentos de projeção, desvio e de torção são os principais golpes dessa modalidade de luta. Um exemplo é San kyo, quando o polegar do oponente é alcançado pela mão do praticante de Aikido e torcido de encontro ao antebraço. A dor é tão intensa que o adversário tem apenas duas opções: desistir e se render ou ariscar ter o dedo danificado.

O método de luta de origem japonesa, criado pelo O-Sensei (“grande mestre”) Morihei Ueshiba (1883-1969), chegou ao Brasil na década de 60 e timidamente vem conquistando espaço. O principal objetivo é utilizar a força do adversário contra ele mesmo.

Praticante da modalidade há 23 anos, João Simão se apaixonou pelo método de ensino e nunca mais deixou de treinar. “Estava procurando uma atividade que trabalhasse corpo e mente, uma evolução pessoal, um crescimento interior, que me identificasse com a parte prática e filosófica”, afirmou o professor de Educação Física.

O Aikido tem na essência uma filosofia pacificadora, por isso é conhecido como a “arte da paz” e é uma modalidade que não possui competições, apenas apresentações. A mudança de graduação dos seus participantes ocorre a partir do aprendizado dos movimentos, da análise comportamental do aluno e da assiduidade nos treinos. São sete faixas de graduação que vão do branco, para os iniciantes, passando pelo amarelo, laranja, verde, azul, marrom, até a faixa preta, onde inicia a categoria “Dan”, que possui uma progressão do primeiro ao décimo, o maior grau da técnica a ser alcançado. Além da faixa preta, também é utilizada uma saia-calça da mesma cor, chamada de hakama, que representa a virtude.

No bairro da Madalena, no Recife, A entrada e o jardim, decorados no estilo oriental, indicam um local próprio para meditação e relaxamento. Na frente do salão do “Dojô” uma pequena ponte sobre um rio artificial nos remete a imagens dos templos japoneses. Neste local o professor Paulo Roberto Nunes, 5º Dan, repassa seus conhecimentos aos discípulos e indica o Aikido para crianças, a partir dos 8 anos, e adultos de qualquer idade. Os benefícios estão na flexibilidade do corpo e no controle emocional, com a segurança desenvolvida com a filosofia de Ueshiba. “Diria que é a arte da paciência. Atualmente é preciso favorecer o diálogo, ele é o fator mais importante. O Aikido realiza esse encontro consigo mesmo e, na busca sobre quem você é, está o encontro com outros”, afirmou o professor.

O Aikido oferece ótimos resultados para quem quer praticar exercícios que trabalham o corpo e o controle emocional e não curte participar de competições em busca de medalhas mas de resultados. O “mens sana in corpore sano” do poeta romano Decímo Júnio Juvenal, se encaixa perfeitamente e é apreciado pelos praticantes.

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por Ernani Neves